Já faz alguns anos. Três anos e meio para ser bem preciso. Sim, busquei na memória a data que conversei contigo pela última vez porque me imaginei lendo esta frase e, cá entre nós, se fosse eu o leitor não estaria nem um pouco satisfeito com o lapso temporal. Que tipo de confidente eu seria se deixasse um "já faz alguns anos" como única informação para sua interpretação. Afinal, alguns anos a mais ou alguns anos a menos fazem toda a diferença quando se trata de nós e também, como você bem sabe, sempre gostei de textos vívidos. Daqueles que as palavras parecem pular folha afora e tomar forma e que, fechando os olhos por um breve instante, deixassem uma leve sensação de saudade no ar. Foi exatamente isso que aconteceu quando a vi hoje. Minha primeira reação foi fugir, me manter a salvo de todas aquelas lembranças que certamente viriam à minha mente. Eu só queria estar bem longe dali, mas ao mesmo tempo fiquei completamente paralisado. Como pode ser? Depois desse tempo todo, tantas eventualidades decorridas e tudo o que eu consegui fazer foi ficar ali olhando fixamente para os seus olhos, igualmente surpresos por ver um velho conhecido. Mas você sempre se saiu melhor com esse tipo de encontro, se me lembro bem. Pouco tempo depois já retomava a conversa que estava tendo com a jovem ao seu lado.
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